O estranho mundo em que vivemos mas especialmente, o estranho que me sinto e o monstro em que me começo a tornar...É Horrível.

sexta-feira, abril 21, 2006

O parolo vai à cidade (ou a cidade ao parolo?)

Ás vezes uma pessoa tem de mudar. Costuma-se dizer que mudar sim, desde que seja para melhor. Neste caso penso que não será bem assim. Desta vez é preciso que o “não-parolo” se transforme em parolo. Não é a típica mudança de burro para cavalo, mas sim de cavalo para burro. Sinceramente, é o que esta situação faz parecer. Neste sentido, tem de ocorrer uma transformação de uma coisa que se pensava bem para outra que é, nitidamente, muito pior, mais parola. Mas a vida tem destas coisas e aqui e hoje há a necessidade de mudança. Ora o nosso amigo terá de se transformar num verdadeiro parolo e, para isso, terá de obedecer a algumas ideias chave. Recentemente aconteceu o contacto com alta forma de “parolice”, o que levou a tirar alguns apontamentos importantes ou mesmo indispensáveis para a tentativa de mudança. Ora a dita mudança implica que, ao entrar num sítio, se fale alto para qualquer pessoa que já lá esteja. Vamos imaginar um café, onde claro já conhecemos o dono e, quando desejamos alguma coisa gritamos para nos virem servir. É mais ou menos isto: (a gritar) – Ó ALFREDO (nome fictício) TRAZ AÍ UM CINZEIRO. E quem fala assim para o empregado tem, evidentemente, de o fazer igual para os conhecidos. Assim: (a gritar) – ENTÃO MAFALDA (nome fictício) ESTÁS BOA? TUDO BEM? Passo agora a tentar escrever estas frases da maneira que são ditas: Ó Álfrédo trájaí um cinzeiro e Éntáo Máfálda estajeboa? Tudo bém?
Outra coisa típica é o facto de o parolo raramente ser bonito mas, apesar disso, julga-se sempre o maior e o melhor do mundo. Isso acarreta, naturalmente, outras situações como por exemplo deixar sempre o carro a ocupar dois lugares. Isto revela que não só não sabe conduzir mas também que acha que tem um carro grande demais para apenas um lugar. Claro que quando chega a um café se senta e fica quase deitado na cadeira como se fosse o dono de tudo (perna aberta), no chamado estilo romano. Acumula a esta situação o atrás referido do falar alto como se não houvesse amanhã. Parolo do melhor. Ainda vamos a meio e a mudança vai parecer cruel uma vez que o nosso personagem que precisa de mudar, não parece ter capacidade de se tornar tal pessoa. Mas ás vezes o amor tem destas coisas. Continuando, o parolo gosta de usar roupa da melhor marca e nisso, nisso é coerente pois vai sempre comprar à feira. Tem uma vantagem, pois quando lhe perguntam a que dias fez as compras é fácil responder que foi na Terça. Voltando ao assunto do comportamento do parolo no café, diga-se que o parolo é um gajo que bebe muita cerveja. Como não é porém de estranhar, trata o liquido por “jeca” ou qualquer coisa assim parecida. Bebe mais pelo impressionar os outros do que pelo gosto pelo sabor. É assim, é nisto que tem de se transformar, beber por beber, fumar por fumar, falar alto por falar alto. Outra das mudanças é que terá de passar a andar com o vidro do carro aberto com alta música e, ao passar de alguma rapariga perto, chamá-la de boa apesar de saber que não vai conseguir nada. Adianta aqui referir que a rapariga em questão não precisa de ser especial, precisa apenas de conseguir andar por meios próprios e, mesmo assim, não é critério indispensável.
Como pessoa o parolo é, em geral, burro como uma porta, grosso e mal educado, frequenta discotecas à matiné (vómitos) e gasta o dinheiro dos pais nestes sítios (independentemente da idade que tenha). O parolo sabe sempre tudo (seja qual for a área) viu sempre tudo (onde quer que tenha acontecido ele esteve lá), já foi a todo o lado (apesar de não conhecer um palmo fora da terriola dele) e nunca, mas nunca é surpreendido com nada. Nada mas nada o choca. O parolo fala sempre alto (já atrás referido) e fala sempre em primeiro fazendo, claro, figura de parvo sempre que abre a boca. Ainda assim, ri-se da própria figura e beneficia da situação de ter a seu lado pessoas que são tão ou mais parolas do que ele. No fundo os parolos são piores do que os ciganos, inclusive no cheiro. Esta tribo trata-se bem dentro do próprio grupo mas não tolera os “não-parolos”. Tendo em conta as suas características, o não-parolo sente-se sempre mal.
O parolo diz “fostes”, diz “tenszeo aí”, diz “quaisqueres”, diz uma série de baboseiras a que o homem da mudança teria de fazer. Mas fica aqui escrito, a mudança não vai acontecer porque quando se fala em amor, fala-se em tudo e em aceitar as pessoas como são. A pessoa em questão é assim e nunca irá mudar. Nem que gostem mais de outras pessoas por serem parolas.